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BALBÚRDIOS

Manual de sobrevivência dx universitárix apresenta:

SOBREVIVENDO A REPÚBLICAS

O relato de estudantes que descobriram o peso emocional de uma moradia estudantil

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METAMORFOSE

Segundo censo do Data Fala Universidades, 30% dos estudantes, ao entrar em uma universidade, passam a morar sozinhos ou com amigos em repúblicas. Muito se fala sobre a melhor escolha de moradia. Há relatos de estudantes com dicas, prós e contras. Mas pouco se fala sobre o impacto emocional sofrido por quem habita uma república estudantil. Morar pela primeira vez longe dos pais, com pouca ou nenhuma responsabilidade prévia, sob estresse e às vezes má alimentação e condições de moradia, pode ocasionar um esgotamento psicológico.
Para saber mais sobre a realidade desses estudantes, a reportagem do Balbúrdios foi até o Conjunto Residencial da USP (CRUSP) e uma república privada, Pensionato Morar Bem, localizada na Liberdade.
O objetivo foi ver as diferentes realidades no cotidiano que uma república privada e pública possuem e relatar a história de alguns estudantes e a saúde mental envolvida.

CRUSP

O Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo foi construído inicialmente para abrigar atletas dos Jogos Panamericanos, em 1963

O Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (CRUSP) é o alojamento estudantil apenas para estudantes da USP, localizado dentro do campus, no Butantã,  A residência conta atualmente com cerca de 1.200 vagas para alunos de graduação e pós-graduação. Os alunos que desejarem uma vaga no local devem se  inscrever no Departamento de Serviço Social do órgão, que se responsabiliza pela seleção dos candidatos através de critérios socioeconômicos.
O CRUSP possui atualmente oito prédios identificados como os blocos A1, A, B, C, D, F e G. No mesmo terreno, tem o bandejão central, onde são oferecidas todas as refeições para os alunos. Cada prédio possui seis andares e cada andar possui 11 apartamentos, cada um com três quartos.
Inicialmente, o CRUSP não foi construído para ser alojamento dos alunos da USP,  mas sim para abrigar atletas e delegações vindas para os Jogos Pan Americanos de 1963. O plano inicial era liberar o local para os estudantes morarem apenas depois dos jogos, o que não aconteceu de imediato, ocasionando na ocupação dos prédios por parte dos mesmos.

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A estrutura, portanto, não foi planejada para ser moradia do alto número de alunos que hoje habitam – cerca de 2.000. Ao serem escolhidos para morarem no local, os estudantes precisam assinar um termo de comprometimento de que não terão eletrodomésticos no apartamento. A estrutura não suportaria uma grande quantidade de equipamentos ligados em tomadas, o que poderia causar incêndio por curto-circuito. Muitos moradores, entretanto, quebram o termo e instalam chuveiros elétricos, geladeiras, fogões e lavadoras domésticas – o que é altamente compreensível, visto as condições deploráveis que os serviços coletivos se encontram: as máquinas de lavar não funcionam, os fogões não têm boca e alguns apartamentos não têm água quente no chuveiro. Há casos de alguns apartamentos invadidos por moradores de rua e outros que viraram ponto para venda de drogas.
Somado a essas condições difíceis, os alunos ainda lidam com a pressão do curso, a solidão e responsabilidade de morar sozinhos. A estrutura emocional, por vezes, decai sobre todo o resto. Para saber mais sobre o local e o abalo psicológico que morar em uma república ocasionam nos estudantes, entrevistamos o bacharel em Física e morador do CRUSP, Luiz Furtado, de 20 anos.

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"PARA QUEM NÃO TEM NADA, METADE É O DOBRO"

Luiz Vinícius Moraes Furtado é bacharel em física e morador do CRUSP há 1 ano e 7 meses

Luiz viveu experiências traumáticas na moradia estudantil da USP. Entrou em depressão e já pensou em tirar a própria vida; passou por situações que nenhuma pessoa está psicologicamente preparada para enfrentar. A soma de se mudar e morar sozinho em outra cidade, sem apoio e ajuda financeira familiar, longe dos amigos e de tudo que conhecia, além do estresse e da pressão de estudar numa faculdade, abalaram seu emocional e sua visão de mundo.  Mas desistir nunca foi uma opção. Ou enfrentava tudo que passou ou voltava para Teresina, no Piauí, onde morava com sua família. Mais de 2.600 km os separam. Apenas R$ 400 mensais para sobreviver, obtidos por uma bolsa de pesquisa científica, numa das cidades mais caras do país.

 

Estudante do segundo ano de física da USP, Luiz Vinícius Moraes Furtado, nasceu em Belém no Pará e decidiu vir para São Paulo quando passou em física no vestibular da FUVEST. "Passar na USP era meu sonho, mas o primeiro pensamento que veio na minha cabeça foi desespero, por que minha família não tinha condições (econômicas de mantê-lo) e eu não conhecia ninguém na cidade", conta. 

Sair de casa e se mudar, apesar de ser um grande desafio para muitos, para Luiz parecia rotina. Durante seus 20 anos já residiu em quatro cidades diferentes. Aos seis meses de vida, mudou-se para Palmas, no Tocantins; depois, dos dois anos aos 14, voltou a morar em Belém, e dos 14 aos 18 morou em Teresina. Aos 18, se mudou para São Paulo. 

 

Ao chegar na capital, Luiz solicitou uma vaga no alojamento provisório da USP, local temporário para alunos que não conseguem vaga nos apartamentos fixos e não tem outro lugar para ficar.  Sua primeira solicitação foi negada. Desesperado, pensando em ir para a rodoviária, ligou para o pai e disse que iria voltar para casa. “Você já foi, agora dá um jeito de ficar aí”, foi o que ouviu. E ficou. Solicitou novamente uma vaga e ao perceber a demora em obter uma resposta, descobriu que a assistência social havia perdido seu recurso. Sem ter para onde ir, Luiz ficou por cerca de um mês no apartamento de um amigo, dormindo no chão, em um saco de dormir. Descobriu que seu primeiro recurso foi negado por não acreditarem que, aos 39 anos, sua mãe nunca havia tido uma carteira de trabalho assinada. Depois disso, conseguiu uma vaga, mas até então, o desgaste emocional já era enorme, sem moradia fixa, família, amigos, ajuda financeira. e muitos problemas familiares; descobriria que seu irmão e tia estavam doentes e seu pai havia ficado cego de um olho. As coisas estavam cada vez mais difíceis para Luiz.

 

Nem todos os moradores do CRUSP, entretanto, possuem renda baixa. O critério socioeconômico auxilia alguns que precisam com urgência de um quarto, mas nem todos tem como única opção morar ali. “Tem um casal que era campeão brasileiro de badminton na modalidade mista e que morava aqui, na sala, com o filho deles, e os três quartos eram lotados de equipamentos esportivos para venda. Eles tinham carro, tinham tudo, mas eles não poderiam ser expulsos por serem alunos da USP. Só foram despachados quando terminaram a graduação”. Luiz acrescenta que alguns alunos também invadem os blocos, por não terem aonde ir, e dividem quarto com outros estudantes. Cada apartamento possui três quartos individuais. 

 

Luiz ficou no alojamento provisório por seis meses, dividindo-o com mais sete homens, num único quarto. Duas janelas, cheiro de mofo e um vazamento do cano do esgoto poderiam resumir o lugar, onde ele viveu alguns episódios traumáticos. 

“Luiz, vai lá no banheiro”, ouviu de um de seus colegas de quarto ao chegar no alojamento numa quinta-feira. Ao chegar no banheiro, que conta com duas privadas e três chuveiros, se deparou com fezes espalhadas por todo o chão e paredes do local, espalhados e com marcas de dedos. A limpeza do alojamento era feita nas quartas-feira e na semana seguinte seria feriado. O lugar ficaria 15 dias sem ser limpado. Ninguém se propôs a lavar. Luiz o fez, sozinho. Ninguém assumiu a culpa. 

 

Cabides pendurados na porta de um dos quartos do alojamento de Luiz, no CRUSP

Mas Luiz continua seguindo sua vida. Está feliz em seu curso e em sua pesquisa, e dá aulas de física para algumas instituições públicas da periferia para alunos do ensino fundamental II e médio. Costuma acordar às 07 horas da manhã e passa a tarde estudando, parando apenas para praticar natação e ir para a aula no período noturno. 

 

Além da segurança do campus, que costuma ter casos de sequestros relâmpagos toda semana, a situação das cozinhas dos blocos são deploráveis. De cinco fogões, não tinha uma boca ou torneira para cozinhar. Luiz conta que as bocas que não foram roubadas para trocar por droga, foram apropriadas por moradores que queriam ter a garantia de que conseguiriam cozinhar. Dos seis blocos, apenas um tem wi-fi. Somado a tudo isso, nenhuma máquina de lavar funciona. É proibido o uso de eletrodomésticos nos apartamentos.

 

O bandejão, que serve café da manhã, almoço e jantar, serve a última refeição às 19 horas e não funciona nos feriados. Em feriados prolongados, por exemplo, os alunos podem ficar até nove dias sem as refeições. Para Luiz, que sobrevive com apenas R$ 400 por mês, fazer três refeições pagas por nove dias, ocasionaria num gasto total do seu dinheiro. Apesar de serem racistas, Luiz tem alguns primos que moram em Itapecerica da Serra, na zona sul, onde ele pode ir para realizar alguma refeição quando precisa, “para quem não tem nada, metade é o dobro. Preciso sobreviver”, diz.

Ao comentarmos com ele que devido todas as experiências vividas, agora, ele estaria preparado para tudo, ele concorda, “às vezes eu tô com um problema e penso, ah, não é problema não”. Luiz comenta que hoje em dia está fazendo terapia, mas que precisou se fortalecer sozinho para aguentar situações complicadas. “Eu tive que aprender a me firmar, mostrar que eu sou um ser humano digno para que ninguém pise na minha cabeça, por isso que hoje eu tenho essa calma, não é de hoje que eu passo por situações absurdas, eu passei por situações absurdas a minha vida inteira.”

Luiz também nos contou sobre a relação conturbada com sua família. Ele vem de uma família tradicional nordestina e religiosa, conta como a intolerância e preconceito dentro da própria família fez com que a vontade dele de sair de casa se concretizasse ainda mais. “A única vez que eu pensei em desistir e eu liguei para meu pai e ele disse que não me queria mais lá, foi quando eu percebi que desistir não é uma opção e ir para trás nem para tomar impulso.” Ele conta que aprender a se posicionar é algo presente na sua vida desde cedo, ser o primeiro negro e bissexual em uma família preconceituosa serviu de aprendizado e fortalecimento para questões que ele leva até hoje. Se assumiu bissexual para a família recentemente e comenta que, atualmente, sua mãe não está falando com ele, “nas palavras dela eu fui absorvido por uma legião de demônios que me fizeram desenvolver o homossexualismo.”

Apesar de ainda enfrentar diversos problemas, hoje, Luiz se encontra mais em paz consigo mesmo. “No alojamento eu sofri como nunca tinha sofrido na minha vida”. Hoje, ele tem um quarto individual em um apartamento que divide com mais duas pessoas, está mais adaptado com o seu curso e tem diversos amigos. Ele afirma que no final do ano passado foi quando pensou em desistir de tudo e quando teve uma crise que o fez pensar pela primeira vez em suicídio, “durante dois meses eu ficava três horas me olhando no espelho e não me reconhecia, tanto a minha aparência física quanto emocional.”

Quando questionado sobre o que diria para alguém que pretende sair de casa para estudar e morar em um alojamento universitário, Luiz é breve e sucinto: “procurar ajuda”, Luiz diz que procurar ajuda faz toda a diferença e que se ele tivesse procurado ajuda mais cedo, talvez não tivesse enfrentando as dificuldades que encontrou, mas não deixa de reafirmar que devemos levar consigo aprendizados das dificuldades vividas “isso me deu tato, eu consigo lidar com situações diferentes agora, não dá pra ser pior do que já foi".

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Luiz Furtado, 20 anos

“No alojamento eu sofri como nunca tinha sofrido na minha vida”

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REPÚBLICA PRIVADA

Preços para alugar quartos individuais ou compartilhados variam entre R$ 700 e R$ 2.000

Em contrapartida ao exemplo de uma república gratuita, como o CRUSP, São Paulo oferece um grande mercado de repúblicas privadas de diferentes tipos. 

Para estudantes que desejarem uma moradia de alto padrão e que estejam aptos a pagar valores de R$ 800 a R$ 2.000, há opções como o Share Student Living (Consolação) e ULiving (Santa Cecília), prédios construídos especificamente para servirem de residências estudantis, muito comuns nos Estados Unidos. 

Os valores menores são para quartos ou apartamentos compartilhados. Na maioria dos prédios, os apartamentos e quartos individuais, de maior valor, costumam esgotar mais rápido. O faturamento da ULiving em 2018 foi de R$ 5 milhões de reais, e espera chegar em até R$ 20 milhões em 2020. (Fonte: Exame)

A infraestrutura comporta máquinas de lavar, salas de estudo e impressão, eventos, piscina, academia, sala de jogos, wifi, cozinha equipada e apartamentos mobiliados, além de alguns preços já incluírem serviços de limpeza e contas de água e luz. 

Há também inúmeras residências comuns que não aceitam apenas estudantes, como o caso da Pensionato Morar Bem (quartos individuais; R$ 1.100) , localizada na Liberdade, que mostraremos na reportagem abaixo, onde entrevistamos o estudante de odontologia Gabriel Karnas, de 19 anos. 


DO INTERIOR À CAPITAL

Como é sair da casa dos pais e ir morar sozinho em uma república privada

Do interior de São Paulo, mais especificamente Caçapava, Gabriel Karnas (previamente entrevistado pelo Balbúrdios) tomou a decisão de vir para a capital paulista com o sonho de conseguir novas oportunidades e estudar em uma das melhores universidades de sua área. Antes de se mudar, o estudante conta que procurou, em diversos sites online, repúblicas que estivessem de acordo com seus requisitos. Após muita procura, Gabriel e o seu pai acharam o Pensionato Morar Bem. Juntos foram até o local para checar se ali poderia tornar-se sua casa pelos próximos anos. E não é que deu certo?

 

Então, Gabriel mudou-se para o Pensionato com um misto de ansiedade e frio na barriga, pois mesmo tendo dividido a casa com seus três irmãos a vida toda, ali seria uma experiência diferente, com pessoas que nunca havia ao menos conversado. 

 

Hoje, mora com mais 15 pessoas e divide o banheiro com duas. Conta que, no início, estranhou um pouco a cozinha, pois há quatro geladeiras, mesas ao estilo refeitório e cada morador tem sua própria parte no armário, ficando a critério de cada um trancar ou não, mas Gabriel diz não ver necessidade em usar um cadeado para deixar suas comidas "seguras". “Uma das maiores dificuldades é ter que cozinhar e ter que ver cinco pessoas, a limpeza não depende só de mim, as vezes chega e tá tudo bagunçado e não foi por culpa minha”, comenta.

Falando em comida, sua alimentação mudou muito desde que saiu da casa de seu pai em Caçapava. Hoje, conta que tem uma determinada quantia de dinheiro destinada ao gasto com supermercado, onde faz sua compra mensal ou semanal. No vídeo abaixo, Gabriel comenta que hoje ele já consegue se virar na cozinha.

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Em relação à limpeza, cada um se responsabiliza por limpar seu próprio espaço e o que utilizar no ambiente comum, como por exemplo, lavar  a louça após o uso. As roupas podem ser lavadas uma vez na semana, com escala definida por horário. Apesar de ter máquina de secagem, muitos moradores deixam suas roupas estendidas próximas ao seus quartos. 

 

O Pensionato conta com diversas regras de boa convivência, como não poder gritar, não deixar os objetos de uso pessoal espalhados pelas áreas comuns, não receber visitas após 22h, e caso isso aconteça e a visita durma no local, o morador deve pagar uma taxa de R$70,00.

 

Em entrevista ao Balbúrdios, quando questionado sobre algum episódio bizarro que já vivenciou na república, Gabriel conta o caso do acumulador, que você poderá checar no vídeo abaixo. 

 

 

Com tantas mudanças em relação à sua "antiga" vida, Gabriel muitas vezes sente falta do carinho de casa, o que é comum para quem mora sozinho, mas necessário para a construção e desenvolvimento de seu próprio futuro. E para aqueles que procuram e pensam em morar numa república, Gabriel aconselha à “procurar um lugar que ela (pessoa) vai se sentir bem, porque tem muitas repúblicas de estilos diferentes; aprenda a conviver em comunidade e não se estresse fácil.”

Imagens cedidas pelos moradores da república Pensionato Morar Bem.

BALBÚRDIOS

Seja bem-vindo ao seu mais novo manual de sobrevivência para essa fase (que nós sabemos que pode ser bem turbulenta). Aqui vamos compartilhar com vocês nossas frustrações, dicas, descobertas e qualquer coisinha que possa te ajudar e que faça com que você não se sinta só nesse momento importante da sua vida.

Já que vamos estar sempre no seu feed, conheçam um pouquinho sobre a gente! (descrição da esquerda para a direita).

Isabella, 19 anos, paulista, apaixonada pelo golden state warriors, fotógrafa e goleira nas horas vagas.

Marina, 18 anos, apaixonada pela musica e pela curtição e cantora nas horas vagas.

Laura, não serve pra trabalho em grupo quanto mais poli amor, mancha de dendê não sai, @tomlveloso dá uma atenção!

Giulia, 19 anos, pisciana, sonhadora, metade dela é amor, a outra metade é poesia.

Bruna, são paulina, futura marketeira e amante de eletrônica querendo ser rica e viajar o mundo todo.

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"O SER HUMANO É UMA OBRA A SER CONSTRUÍDA"

Ao morar sozinhos, estudantes encontram dificuldades para se alimentar de forma saudável, administrar o dinheiro e saber lidar emocionalmente com a vida universitária. Entrevistamos uma nutricionista, uma economista e uma psicóloga para auxiliar os estudantes nessa fase

Além das preocupações que envolvem sair do conforto do lar e ir morar sozinho, o jovem precisa levar em consideração toda a bagagem que vem junto. Em muitos casos a alimentação, inevitavelmente, fica de lado até o momento que se torna necessário entrar em uma rotina mais saudável. De acordo com a nutricionista Clarissa Fujiwara “muita das questões relacionadas a má nutrição acabam não se manifestando a curto prazo, mas são questões que se relacionam com a saúde no futuro desse universitário”. A questão de falta de tempo e disponibilidade para investir na alimentação são fatores que interferem nessa busca por uma vida alimentar melhor. “O universitário está adquirindo mais responsabilidade com o que ele come. Uma opção é se programar para cozinhar num dia que tenha maior disponibilidade e congelar essas porções“, salienta Clarissa. Escute abaixo as orientações nutricionais para estudantes. 

 

O universitário animado que acabou de entrar na faculdade e que está morando sozinho tem certa dificuldade em guardar dinheiro e administrar o mesmo, gastando mais do que deveriam com coisas que não são essenciais. Ter uma reserva é necessário para caso ocorra algum problema. Para a economista e doutora em Controladoria, Bianca Quirantes Checon, o erro mais comum cometido pela maioria dos jovens é a frase do “só se vive uma vez” e não ter uma planejamento para gastar o dinheiro. “Claro que planos de última hora podem aparecer, ter um dinheiro reservado para os rolês mensais é importante; mas mais importante ainda é saber dizer não para aquilo que não está no seu planejamento e vai te prejudicar financeiramente (por mais tentador ou legal que isso pode parecer).”

 

Segundo Bianca, o melhor a se fazer para poupar é escolher investimentos para formar uma reserva inicial para cobrir investimentos. Para isso, escolher investimentos com liquidez alta (ou seja, capacidade de “sacar” o dinheiro no momento que você precisar, sem ter que esperar o vencimento) é importante.

 

Bianca ainda avalia a relevância de colocar tudo na ponta do lápis, acompanhar a conta bancária de perto e conhecer seus gastos saída por saída para criar a percepção do que cabe no seu bolso, “não tenha medo de saber quanto são seus gastos, conhecê-los é que te possibilita poder gastar melhor seu dinheiro no futuro!”.

 

E claro que além de questões nutricionais e econômicas, o universitário precisa saber lidar com o lado emocional que o acompanha nesse caminho sinuoso. Às vezes as questões psicológicas entram em esquecimento, o que na verdade deveria ser a parte de maior importância na vida de qualquer pessoa. Para a psicóloga Nilce Cattasini, ter um preparo emocional é um processo contínuo da vida, em qualquer momento tanto de felicidade como de fracasso, temos que tentar estar minimamente preparados para saber lidar com a mente. Foi assim quando entramos na escola e vai ser até o fim da vida. 

 

Uma das primeiras dificuldades que os estudantes encontram ao saírem de casa, é a adaptação ao novo local, região e grupo de pessoas. “O efeito causado numa pessoa que sai da casa dos pais e não encontra um espaço que é seu pode levar a uma crise de identidade, uma espécie de despersonalização, pois se depara com realidades muito diferentes da sua”, acrescenta Nilce.

 

Para a psicóloga Patrícia Nunes Fernandes, o preparo para cada etapa da vida é feito desde a infância. Na época do ingresso da faculdade, por exemplo, é normal passar por estresse, mas quando a pessoa consegue administrar isso, é benéfico para torná-lo mais forte e consciente de suas competências. “Nada é aprendido de repente, é tudo um processo. O ser humano é uma obra a se construída, diz Patrícia, acrescentando que os jovens têm medo pois sentem que estão se tornando responsáveis pela própria vida e que precisam cuidar dela.

Nutricionista Clarissa Fujiwara:Balbúrdios
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Sobre os especialistas: 

 

Nutricionista: Clarissa Fujiwara é nutricionista pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) e Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), pelo Departamento de Clínica Médica na Área de Endocrinologia e Metabologia. Coordenadora de Nutrição da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Nutricionista do Departamento de Nutrição da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO).

 

Economista: Bianca Quirantes Checon é economista formada em Ciências Contábeis pela USP e doutora em Contabilidade pela FEA USP. Atualmente leciona Controladoria na Fundação Getúlio Vargas (FGV) para os alunos de administração. 

 

Psicólogos:

Nilce Cattassini, é formada em psicologia pela PUC, especializada em terapia Gestalt, professora em curso de pós graduação em psicologia. 

 

Patrícia Nunes Fernandes é graduada em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduada em psicanálise e em clínica hospitalar.

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